quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

É assim que te quero, amor

"É assim que te quero, amor, assim, amor, é que eu gosto de ti, tal como te vestes
e
como arranjas
os
cabelos e como
a tua
boca sorri, ágil como a água
da
fonte sobre as pedras puras,
é
assim que te quero, amada,
Ao
pão não peço que me ensine, mas antes que não me falte em cada dia que passa.
Da
luz nada sei, nem donde
vem
nem para onde vai, apenas quero que a luz alumie,
e
também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e
assim tu pão e luz
e
sombra és.
Chegastes à
minha vida
com o que trazias, feita
de
luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é
assim que preciso de ti, assim que te amo,
e os
que amanhã quiserem ouvir
o
que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam
hoje porque é cedo
para tais argumentos. Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma
folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nossos lábios, como um beijo caído
das nossas
alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de
um amor verdadeiro."
Pablo Neruda

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