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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
A sociedade e a Engenharia
É de forma irônica que vemos como as pessoas e a sociedade em geral tem sua visão sobre a engenharia e os engenheiros.
Para muitos, engenharia é uma profissão fácil, pois o engenheiro 'não bota a mão na massa' e se formar pra isso é simples, mas não é bem assim! Só quem faz engenharia sabia o quanto é complicado e cansativo. Eu mesmo, antes de ingressar no curso de Engenharia Mecânica achava isso, depois literalmente 'quebrei a cara' pois percebi o quanto você tem que estudar e se dedicar num curso de Engenharia.
Por mais que as pessoas achem isso, em tudo que elas usam e aproveitam para lazer, viagens, dia-a-dia etc há a engenharia na sua projeção e construção, como por exemplo, num apartamento, aviões, iates, grandes navios, TV, automóveis, eletroeletrônicos enfim, em tudo está presente a engenharia e se não fosse graças a essas pessoas que são chamados por muitos como 'acomodados' não poderíamos desfrutar de tantas maravilhas. Contudo, isso é explicável, pois as pessoas geralmente enxergar a obra já pronta e não a engenharia ali contida.
É mais fácil os engenheiros ficarem conhecidos pelos insucessos onde eles são os primeiros a serem culpados e forçados a obterem máximo de ganho em menor tempo de obra, e isso algumas vezes trás detrimento da segurança e da durabilidade do seu projeto, do que pelos seus inúmeros projetos de grande sucesso.
Outro crime que é cometido contra os engenheiros é confundi-los com um técnico. Todos merecem seu devido respeito, mas as pessoas muitas vezes dão mais valor a um técnico que executou a tarefa dada, projetada e explicada pelo engenheiro do que ao próprio engenheiro que a projetou, a calculou. Um exemplo claro disso, são as construções civis, na maior parte, as pessoas creditam todo o sucesso ao mestre-de-obras e não ao engenheiro, pelo fato de que foi o mestre-de-obras que eles viram no campo de trabalho maciço e pesado, e mais uma vez o engenheiro é deixado de lado. Todavia, podemos também citar no mesmo plano de construção civil, os engenheiros elétricos, hidráulicos e sanitários, que cuidam dos acabamentos da obra, para esta ficar de forma apropriada, com instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias, que não bem calculadas e projetadas podem causar grandes prejuízos às obras e até mesmo fazer com que o edifício venha a ruir, o que pode ser claro é um cano mal colocado e projetado, que pode causar uma grave infiltração, que a médio e longo prazo pode fazer com que o prédio venha há desabar um dia.
Não podemos esquecer que o engenheiro deve ser creditado, pois só o esforço que ele leva para se formar, geralmente cinco anos de estudos ou mais, dependendo da área e da Universidade, e os cálculos que por ele são aprendidos e colocados em prática em sua profissão, devem ser mais creditados pela sociedade e pelas pessoas que muitas vezes não lhes dão importância.
Para 'levantar a moral' dos engenheiros e da engenharia como um todo há uma luta incessante das instituições da classe, sindicatos, clubes, CONFEA (Conselho Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia) e CREAs (Conselhos Regionais de Engenharia Arquitetura e Agronomia), que se esbarra com a desvalorização do profissional e da profissão. Muitas empresas já estão se conscientizando de que é muito mais vantajoso pagar mais caro a um engenheiro que estudou longos anos para se formar, e tem um conhecimento mais amplo, do que pagar menos em um técnico que tem menos conhecimento e mais prática (Obs.: Não estou aqui menosprezando o valor de um técnico). Aí vale ressaltar aquela frase, nem sempre o mais barato é o melhor, todavia, ainda existem inúmeras empresam que preferem o baixo custo.
Dias desses li no site da FNE, uma publicação do engenheiro civil Antonio Sá Fernandes Palmeira, que falava uma coisa hiperimportante, para haver uma maior valorização do profissional e da profissão: "é preciso, em primeiro lugar, garantir uma formação adequada na Universidade, que contribua para que o formando possa exigir a sua valorização ao atuar no mercado. Necessita-se ainda de uma mobilização geral, que parta das instituições, passe pelos engenheiros e atinja toda a população.".
O engenheiro deve ter em primeiro lugar, o que o artigo 1º da Lei Federal Nº 5.194 De 24 De Dezembro De 1966, reza:
"Art. 1º.: As profissões do Engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo são caracterizadas pelas realizações de interesse social e humano".
Ou seja, o engenheiro, como disse meu professor de Introdução à Engenharia, deve estar voltado ao trabalho social e humano, ou seja, engenharia não é feita só de grandes obras, construções e projetos mas também de projetos e construções que venham a garantir os interesses das classes mais necessitadas e sem condições de realizá-las todavia, essa parte importante da Engenharia é esquecida por muitos engenheiros, que só pensam e estão fechados no seu mundinho de projetos gigantescos e que irão enriquecer-lhes.
No ritmo de produção que o Brasil está, especialmente voltado para a Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, que serão realizadas no país, a necessidade de engenheiros, é crescente. Está aí uma grande chance para os profissionais da área. Todavia, a demanda de formados no Brasil é muito pequena para atender toda a necessidade do mercado atual, em todas as áreas, sejam elas mecânicas, elétricas, eletrônicas, petróleo e gás, produção, civil, química, naval, mineral, materiais, agronômica, aeronáutica, nuclear, mecatrônica, genética, biônica e nanotecnológica.
Em relação à formação dos engenheiros, o presidente da Abenge (Associação Brasileira de Educação em Engenharia) e professor titular do programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), João Sérgio Cordeiro fala que "não adianta apenas dispor de vagas, é preciso dar a capacitação necessária(...) temos que formar pessoas capacitadas a buscar soluções para os problemas da sociedade, utilizando desde a tecnologia mais simples a mais sofisticada." Um dos maiores problemas citados por João Sérgio Cordeiro, é que não há a valorização do docente de graduação, pois o reconhecimento é mais dado ao pesquisador.
Enfim, só mesmo com o tempo e com a conscientização de toda a sociedade, desde os discentes e docentes de Engenharia, Universidades, grandes e pequenas empresas até a população em geral, poderemos mudar esse quadro de desvalorização do engenheiro, que se espalha por todo o país. Pois a função da engenharia é atuar como principal mediadora entre a infra e a superestrutura da organização econômica e social.
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