segunda-feira, 14 de março de 2011

CANTO GREGORIANO

A tradição que atribui a São Gregório Magno († 604) a criação do Canto Gregoriano remonta, ao que parece, a seu próprio biógrafo, Juan, o Diácono († 882). São Gregório Magno foi um grande retomador da Igreja, da liturgia e até mesmo do canto, porém não se pode imaginar que ele sozinho, e precisamente no curto período de seu pontificado (590 – 604), tenha conseguido compor o vasto repertório musical a ele atribuído. O verdadeiro trabalho deste papa consistiu em organizar o culto das igrejas de Roma, estabelecendo escolas e coro para o canto.
Os documentos escritos da música que conhecemos hoje como o nome de Canto Gregoriano são muito posteriores a sua origem e, como regra geral, não são anteriores ao século IX. Isso prova que havia inicialmente uma forte tradição oral e auditiva, que não necessitava um suporte visual ― o sistema mnemotécnico que deu origem aos neumas ― para os elementos melódicos, rítmicos e expressivos que constituem o canto. O canto era, portanto, patrimônio do povo e não de um grupo de profissionais. Algumas melodias remanescentes do fundo musical litúrgico primitivo, por sua simplicidades temática e sua configuração estilística à base de versos e estribilhos, podem ter soado como um componente popular nas grandes basílicas romanas. À medida que este canto se tornou mais culto e multiplicaram-se os neumas com grandes agrupamentos de notas em uma única sílaba, ele deixou de ser popular para tornar-se propriedade exclusiva de alguns profissionais que, mesmo nos mosteiros eram os únicos que podiam interpretar a linha melódica das novas composições. Foi então que se copiaram os maravilhosos manuscritos de São Gaio, Ripoli, Silos etc. para compor as bibliotecas medievais.
O Canto Gregoriano nos foi transmitido por meio de um grande número de manuscritos espalhados por toda a Europa. A própria tradição da Igreja contribui para a conservação ininterrupta destas antigas e veneráveis melodias em seu culto, assim como os testemunhos documentais. No entanto, como o uso e a influência de estilos musicais tão variados ao longo dos séculos, o Canto Gregoriano perdeu sua beleza primitiva ou, em todo o caso, a autenticidade de sua interpretação tal como devem tê-la entendido os compositores anônimos do final da Idade Média. Na segunda metade do século passado, iniciou-se um movimento restaurador, cujos protagonistas principais foram os Monges de Solesmes. Os estudos levados a cabo em pouco menos de um século demonstraram a perfeição da escrita musical antiga e nos proporcionaram dados para o conhecimento deste canto, tal como deviam entender os próprios compositores. A maioria dos manuscritos nos transmite uma escritura musical dos neumas “in campo aperto”, isto é, sem pauta ou escala. Sem a existência de uma tradição posterior, essa escrita, do ponto de vista melódico, seria indecifrável. Entretanto, ela nos fornece uma vasta riqueza de dados rítmicos e expressivos, de tal maneira que nem a posterior escrita quadrada, nem a moderna têm recursos suficientes para traduzir a grande variedade estética contida nestes manuscritos. Neste sentido, não ousamos demais ao afirmar que os compositores contemporâneos estão mais próximos da concepção medieval da música, segundo a qual a melodia é o elemento mais material e menos humano, do que a sensibilidade humana romântica.
Trechos das Notas de Ismael Fernadez de la Cuesta


Eu particularmente gosto de ouvir Canto Gregoriano, os monges da Abadia Saint-Pierre de Solesmes, com certeza, são os que melhor interpretam, devido ao seu vasto conhecimento no campo. Todavia, os monges brasileiros também são exímios cantores, como por exemplo, os monges do Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro, eu particularmente considero que uma das suas mais belas interpretações, está feita no Anúncio do Nascimento de Cristo, em que o solo é feito por Dom Plácido Lopes de Oliveira, O.S.B. outra interpretação belíssima executada por eles, é “Suscipe, me Domine”, que é o texto da Regra do Glorioso São Bento, pai da monaquismo ocidental, este trecho é cantado por aqueles que fazem sua profissão monástica no dia em que são consagrados monges. É extraído do Salmo 118 e sua tradução diz: “Recebei-me, Senhor, segundo a Vossa Palavra e não confundais minha esperança.”. Outro mosteiro brasileiro que também admiro sua tonalidade musical e inovação no campo do Canto Gregoriano, é o Mosteiro da Ressurreição (Ponta Grossa – Paraná), que interpreta coletâneas de Cantos Gregorianos em Latim e também em Português, o que finalmente torna acessível ao público esse patrimônio multissecular da Igreja, que é o Canto Gregoriano, uma inovação belíssima deles, foi o lançamento de uma coletânea de Salmos, cantados em língua vernácula (português).
Enfim, dentre as diversas letras e melodias gregorianas, posso destacar alguns que são mais conhecidos, os que compõem o “Kyriale Simplex”, ou seja, o “Kyrie Eléison”, “Sanctus”, “Agnus Dei”, que são cantados em todas as liturgias Eucarísticas, no Ato Penitencial, antes da Consagração Eucarística e Anteriormente a Apresentação do Cordeiro de Deus, respectivamente, também temos o “Gloria in excelsius Deo”, o Hino de Louvor, “Credo”, a profissão de fé. Outras interpretações são a tracional “Ave Maria”, em Latim, “Salge Regina”, “Ave Maria Stella”, “Alma Redemptoris Mater”, “Gaudeamus”, “Ætérne sol”, o magnífico “Veni Creator Spiritus” que invoca o Espírito Santo, “Hæc Dies”, da Liturgia Pascal, o “De profundis” e os Cantos Evangélicos, celebrados no Ofício Divino (Liturgia das Horas) “Magnificat”, o canto de Maria, “Benedictus”, “Nunc Dimítis” e o Canto “Te Deum”, que concede indulgência aos católicos que o devota, fiel e religiosamnte o cantam no último dia do ano .

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